1º Bimestre

2º Bimestre

Leitura e Produção de Texto - 1º Bimestre (semana 3)

Língua portuguesa ou língua brasileira?


No decorrer de uma pesquisa com professores de Língua Inglesa, que visava verificar o conhecimento que eles tinham sobre a gramática da Língua Portuguesa, percebi que, muitas vezes, tais professores se apoiavam na idéia linguística na qual se afirma que o importante é comunicar. Vários deles afirmaram que “não era necessário ter um bom conhecimento da gramática da Língua Portuguesa porque eles trabalhavam com outro idioma e, por causa disso, não seria tão importante ter tal conhecimento”.“Ensinar Português é tentar convencer o aluno de que todas as formas de uso da língua – fonéticas, morfológicas, sintáticas, semânticas, lexicais –, divergentes daquelas apresentadas na gramática normativa, constituem erros, são “língua de índio”, são “fala estropiada”, ou simplesmente não são português”. 

Esta é uma fala de Marcos Bagno, Doutor em Linguística, em seu livro “Português ou Brasileiro? Um convite à Pesquisa”, e que é um dos defensores radicais da idéia de que, no Brasil, já não falamos Português, mas o Brasileiro. Primeiramente há de se definir exatamente quais são os professores que, de fato, fazem isso e quais são os professores que ensinam língua portuguesa de forma coerente e consciente, jamais separando a língua do aluno da língua da escola. 

Marcos Bagno afirma categoricamente que não se deve ensinar Português, mas o Brasileiro.A questão maior é que o idioma oficial do Brasil ainda não é o Brasileiro, mas o Português. A sociedade cobra o uso da língua portuguesa. Todos os órgãos oficiais que usam a redação utilizam a língua portuguesa. Tenho que confessar que fiquei com um certo receio de que os professores atuais, quase todos os entrevistados têm idade para terem terminados seus cursos na era da divulgação da Linguística, tivessem sofrido o velho processo de radicalização em prol da Linguística e contra a Gramática.Bagno também afirma que nossa língua está – sempre, e isso nós todos sabemos – em evolução e que daqui a quinhentos anos ela poderá ser chamada de Brasileiro e que temos de lutar para nos livrarmos do peso da colonização, que já duram outros quinhentos anos.

Não acho que o peso da colonização seja fator que determine nosso idioma, ou que tenhamos que evoluir para um outro idioma – o Brasileiro – para sentirmo-nos totalmente independentes. Temos, na história mundial, outros exemplos de países que nasceram como colônias, emanciparam-se, tornaram-se independentes, mas nem por isso tiveram que mudar de idioma para que essa independência fosse real e totalmente sentida pos seus povos. A potência Estados Unidos da América, por sinal, manteve o idioma de sua antiga pátria-mãe, a Inglaterra, e hoje, nas relações internacionais, mesmo a Rainha-Mãe tem de se comunicar no bom Inglês, não por este ser seu idioma, mas por ser esta a língua mundial imposta pela superpotência. 

Sem dúvidas que, hoje, se o Brasil ocupasse a mesma posição que os Estados Unidos ocupam no cenário mundial, líder econômico, e militar – a força traz o poder, que traz mais força – e eles a nossa, o mundo – e também eles – se curvaria e teria sim que aprender o nosso bom e velho Português. Neste caso, não teríamos que vislumbrar um idioma cem por cento nacional. Cem por cento nacionais são o aipim, a mandioca, a macaxeira…“Se farinha fosse americana e mandioca importada, o banquete de ‘bacana’ era farinhada”.

É evidente que o mais importante é comunicar, mas não podemos simplesmente fechar os olhos para a Gramática e usar o Português – ou “criar” um Brasileiro – sem que haja um mínimo de respeito pela mãe de todas: a Gramática. Sim, pois a Linguística só nasce a partir de um estudo sério e criterioso da Gramática!E viva a Linguística!



Gramática e vida


Gramática tem como objetivo regular o uso da língua, constituindo um conjunto de normas que orientam o uso padrão-culto da língua.
A língua, por ser viva, passa constantemente por transformações, o que causa distanciamento entre aquilo que se realmente pratica e aquilo que as normas estabelecem, porém, nem por isso a gramática deve ser ignorada, uma vez que existe uma norma culta que deve ser conhecida e considerada por todos.


Podemos considerar alguns tipos de Gramática:

Gramática Normativa – normas predeterminadas, comum a todos os usuários da língua; nela, somente a variedade padrão é valorizada.

Gramática histórica – refere-se à história interna da língua, descrevendo as mudanças que a língua sofreu no decorrer do tempo, assim como sua evolução.

Gramática Internalizada – conjunto de regras que o falante utiliza para se comunicar, de maneira que é possível compreender as frases e as sequências das palavras, identificando como pertencentes a uma determinada língua; sem ensino convencional.

Gramática descritiva – descreve as regras de como uma língua é falada, explicitando as que são realmente usadas pelos falantes no dia a dia.



Divisão da Gramática

Sabe-se que a língua é um sistema tríplice: compreende um sistema de formas (mórfico), um sistema de frases (sintático) e um sistema de sons (fônico). Por essa razão, a Gramática tradicionalmente divide-se em:

Morfologia - abrange o sistema mórfico.

Sintaxe - enfoca o sistema sintático.

Fonologia/Fonética - focaliza o sistema fônico.