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Leitura e Produção de Texto - 1º Bimestre (semana 7)

A Escrita e a Cultura


Cultura:
A palavra cultura abrange várias formas artísticas, mas define tudo aquilo que é produzido a partir da inteligência humana. Ela está presente desde os povos primitivos em seus costumes, sistemas, leis, religião, em suas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais e em tudo aquilo que compromete o sentir, o pensar e o agir das pessoas.

Os elos entre língua escrita, sociedade e cultura podem ser objeto de análise sob diferentes pontos de vista. Dois deles, que não se opõem, mas se complementam, impõem-se de imediato. Um primeiro ponto de vista, que aqui apenas se menciona e não se privilegia, focaliza, fundamentalmente, a diacronia das conexões entre escrita, sociedade e cultura. 

 Desse ponto de vista, a busca dos elos entre língua escrita, sociedade e cultura volta-se para os momentos históricos e aspectos antropológicos da emergência e progressiva socialização da língua escrita em sociedades e culturas, analisando as características da oralidade anterior à escrita, os processos de transição da oralidade à escrita, os processos de mudanças sociais, cognitivas e comunicativas resultantes da introdução da língua escrita em sociedades de “oralidade primária”, as práticas de leitura e de escrita em diferentes épocas e diferentes grupos sociais, os processos históricos de acumulação, difusão e distribuição do material escrito, o surgimento da imprensa e seus efeitos, etc.


Tipos e Gêneros Textuais


Gêneros textuais são instrumentos de interação e como tais participam do processo de apropriação social do conhecimento. É impossível a comunicação verbal sem a intermediação de um gênero textual, a exemplo do que ocorre agora, em que você lê esta sinopse, gênero textual que tem como objetivo oferecer uma visada, ao mesmo tempo, sobre o conteúdo de um objeto, como uma aula. Por meio dos gêneros, recorda-se, ordena-se, informa-se, solicita-se, reclama-se... Enquanto os gêneros são formas textuais presentes no cotidiano, o tipo textual designa uma espécie de construção teórica, definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). 

Até que ponto gêneros textuais podem ser aproximados é uma questão que tem sido abordada em vários trabalhos, por exemplo, Marcushi, 2003.

Ao iniciar este artigo podemos definir um texto através de duas formas:

1º na organização ou estruturação, isto é, um objeto de comunicação entre um destinador e um destinatário, portanto é um objeto de significação.

2º o texto encontra seu espaço entre os objetos culturais, inserido numa sociedade e determinado por ideologias especificas. Neste caso, é necessário analisar o seu contexto sócio-histórico.

Nestas considerações o texto torna-se objeto de comunicação entre dois sujeitos, criando assim a possibilidade de aplicação da análise externa do texto.
Os gêneros textuais aqui apresentados (narrativos, descritivo e dissertativo) estão vinculados ao letramento, portanto discutiremos sua função social que a nosso ver é preparar o homem para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
  1. GÊNEROS TEXTUAIS COMO PRÁTICAS SÓCIO-HISTÓRICAS.
Segundo Marcuschi os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social, portanto, são entidades sócio-discurssivas e formas de ação social em qualquer situação comunicativa.

Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis e dinâmicos.
Passemos para uma simples observação histórica do surgimento dos gêneros que revela um conjunto limitado dos mesmos. Após a invenção da escrita alfabética por volta do século VII a.C., multiplicam-se os gêneros, surgindo os tipos da escrita; os gêneros expandem-se com o surgimento da cultura impressa e atualmente a fase denominada cultura eletrônica, particularmente computador (internet) aparece como uma explosão de novo gênero e forma de comunicação, tanto na oralidade como na escrita.

Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por suas peculiaridades lingüísticas e estruturais.
Este artigo trás estudos sobre três gêneros textuais relacionados ao meio de comunicação e analisa-os em sua funcionalidade, apontando aspectos de interesse do educador e do educando.
  1.  DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE.
Muito se tem falado sobre a diferença entre “tipos textuais” e “gêneros textuais”.
Alguns teóricos denominam narração; descrição e dissertação como “modos de organização textual”, diferenciando-os das terminologias que são considerados “gêneros textuais”.
Partindo desse pressuposto e pautando-se no estudo de Marcuschi definimos a seguir:
  1. Tipos textuais: seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição (narração, descrição e dissertação);
  2. Gêneros textuais: são os textos encontrados no nosso cotidiano e apresentam características sócio-comunicativas (carta pessoal ou comercial, diários, agendas, e-mail, orkut, lista de compras, cardápio entre outros).
Com referência a Bakhtin (1997), concluímos que é impossível se comunicar verbalmente a não ser por um texto e obriga-nos a compreender tanto as características estruturais (como ele é feito) como as condições sociais (como ele funciona na sociedade).
  1. TIPOS TEXTUAIS VOLTADOS PARA AS FUNÇÕES SOCIAIS DOS TEXTOS.
    1. Informativos;
    2. Expositivos;
    3. Numerados;
    4. Prescritivos;
    5. Literário;
    6. Argumentativo.

Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana. Por essa relatividade a que se refere o autor, pode-se entender que o gênero permite certa flexibilidade quanto à sua composição, favorecendo uma categorização no próprio gênero, isto é, a criação de um subgênero.
  1. TIPOS TEXTUAIS COMO FERRAMENTA.
Para Bakhtin (1997), quando um indivíduo utiliza a língua, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que possa não ter consciência dessa, ou seja, a escolha de um tipo é um dos passos- se não o primeiro- a ser seguido no processo de comunicação.

Por isso, os tipos textuais podem ser uma ferramenta que está a disposição do falante, sendo por ele escolhidos da maneira que melhor lhe convém para, no processo de comunicação, auxiliá-lo na sua expressão lingüística.

Tomar um tipo textual como uma estrutura básica normalmente usada em uma determinada situação o torna uma valiosa “ferramenta” que o falante procura, guia e controla para poder expressar a função maior da linguagem que é atingir uma comunicação, em maior ou menor grau argumentativo, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é efetivamente alcançado e concretizado; daí dizer que a argumentação está inscrita no uso da língua.

5 OBSERVAÇÕES SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS:

O presente trabalho fundamenta-se teoricamente em reflexões feitas por Bakhtin (2000), Marcuschi (2002), Bronckart (1999) entre outros.
De acordo com diversas pesquisas voltadas para a questão dos gêneros textuais e segundo os autores citados acima, já se tornou evidente que os gêneros são fenômenos históricos ligados à vida cultural e social, os quais contribui para a ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia.

Bronckart (1999) diz “Conhecer um gênero de texto também é conhecer suas condições de uso, sua pertinência, sua eficácia, ou de forma mais geral, sua adequação em relação às características desse contexto social.” (BRONCKART, 1999, p. 48).
Como afirmou Bronckart (1999) “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, “o que permite dizer que os gêneros textuais operam como formas de legitimação discursiva.

QUADRO 1 – Tipos de composição textual:

 Descrição Narração Dissertação
(é um texto narrativo com predomínio de verbos de ligação que retratam detalhadamente personagens, ambientes e objetos). (texto narrativo em 1ª ou 3ª pessoa que contém enredo, conflito, cenário, tempo e espaço com predomínio de verbos de ação, portanto o diálogo direto é freqüente). (é um texto de defesa de um argumento “tese” que possui introdução, desenvolvimento e conclusão; a linguagem é objetiva prevalecendo à denotação; ele pode ser expositivo ou argumentativo de caráter científico).
  • retrato de pessoas, ambientes, objetos;
  • predomínio de atributos;
  • uso de verbos de ligação;
  • freqüente emprego de metáforas, comparações e outras figuras de linguagem;
  • tem como resultado a imagem física e psicológica.
  • relato de fatos;
  • presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
  • apresentação de um conflito;
  • uso de verbos de ação;
  • geralmente, é mesclada de descrições;
  • o diálogo direto é freqüente.
  • defesa de um argumento;
  • apresentação de uma tese que será defendida;
  • desenvolvimento ou a argumentação;
  • fechamento:
  • predomínio da linguagem objetiva;
  • prevalece
denotação.
Fonte: CAMPEDELLI; SOUZA, 2004, p. 348.

CONCLUSÃO
Todos os textos surgem na sociedade e pertencem a gêneros textuais que se relacionam com atividades sociais específicas, portanto ele deve ser produzido e utilizado para atingir um objetivo almejado.
Muitos dos gêneros textuais são rotulados quanto a sua estrutura e organização ganhando assim uma significação.

O trabalho com gêneros e tipos textuais faz compreendermos as características estruturais de um texto e também as condições sociais que levam ao funcionamento e ao bom êxito de seu uso, por outro lado não podemos esquecer que a criatividade é uma ferramenta que deve ser levada em consideração.

É claro que contamos com uma imensidão de gêneros textuais existentes na sociedade e que, conforme as necessidades dessa sociedade novos gêneros surgem e antigos desaparecem de acordo com suas funções lingüísticas e sociais no qual o mercado de trabalho está inserido no contexto sócio-histórico.

Concluímos que todo texto é um meio de comunicação e que diferem os gêneros e tipos textuais de acordo com sua funcionalidade que é flexível no processo de relacionamento social