A Escrita e a Cultura
Cultura:
A palavra cultura abrange várias formas artísticas, mas define tudo aquilo que é produzido a partir da inteligência humana. Ela está presente desde os povos primitivos em seus costumes, sistemas, leis, religião, em suas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais e em tudo aquilo que compromete o sentir, o pensar e o agir das pessoas.
Os elos entre língua escrita, sociedade e cultura podem ser objeto de análise sob diferentes pontos de vista. Dois deles, que não se opõem, mas se complementam, impõem-se de imediato. Um primeiro ponto de vista, que aqui apenas se menciona e não se privilegia, focaliza, fundamentalmente, a diacronia das conexões entre escrita, sociedade e cultura.
Desse ponto de vista, a busca dos elos entre língua escrita, sociedade e cultura volta-se para os momentos históricos e aspectos antropológicos da emergência e progressiva socialização da língua escrita em sociedades e culturas, analisando as características da oralidade anterior à escrita, os processos de transição da oralidade à escrita, os processos de mudanças sociais, cognitivas e comunicativas resultantes da introdução da língua escrita em sociedades de “oralidade primária”, as práticas de leitura e de escrita em diferentes épocas e diferentes grupos sociais, os processos históricos de acumulação, difusão e distribuição do material escrito, o surgimento da imprensa e seus efeitos, etc.
Tipos e Gêneros Textuais
Gêneros textuais são instrumentos de
interação e como tais participam do processo de apropriação social do
conhecimento. É impossível a comunicação verbal sem a intermediação de
um gênero textual, a exemplo do que ocorre agora, em que você lê esta
sinopse, gênero textual que tem como objetivo oferecer uma visada, ao
mesmo tempo, sobre o conteúdo de um objeto, como uma aula. Por meio dos
gêneros, recorda-se, ordena-se, informa-se, solicita-se, reclama-se...
Enquanto os gêneros são formas textuais presentes no cotidiano, o tipo
textual designa uma espécie de construção teórica, definida pela
natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbais, relações lógicas).
Até que ponto gêneros textuais podem ser aproximados é uma questão
que tem sido abordada em vários trabalhos, por exemplo, Marcushi, 2003.
Ao iniciar este artigo podemos definir um texto através de duas formas:
1º na organização ou estruturação, isto é, um objeto de comunicação
entre um destinador e um destinatário, portanto é um objeto de
significação.
2º o texto encontra seu espaço entre os objetos
culturais, inserido numa sociedade e determinado por ideologias
especificas. Neste caso, é necessário analisar o seu contexto
sócio-histórico.
Nestas considerações o texto torna-se objeto
de comunicação entre dois sujeitos, criando assim a possibilidade de
aplicação da análise externa do texto.
Os gêneros textuais aqui
apresentados (narrativos, descritivo e dissertativo) estão vinculados
ao letramento, portanto discutiremos sua função social que a nosso ver é
preparar o homem para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
- GÊNEROS TEXTUAIS COMO PRÁTICAS SÓCIO-HISTÓRICAS.
Segundo Marcuschi os gêneros textuais são fenômenos históricos,
profundamente vinculados à vida cultural e social, portanto, são
entidades sócio-discurssivas e formas de ação social em qualquer
situação comunicativa.
Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis e dinâmicos.
Passemos para uma simples observação histórica do surgimento dos
gêneros que revela um conjunto limitado dos mesmos. Após a invenção da
escrita alfabética por volta do século VII a.C., multiplicam-se os
gêneros, surgindo os tipos da escrita; os gêneros expandem-se com o
surgimento da cultura impressa e atualmente a fase denominada cultura
eletrônica, particularmente computador (internet) aparece como uma
explosão de novo gênero e forma de comunicação, tanto na oralidade como
na escrita.
Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por
suas funções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por suas
peculiaridades lingüísticas e estruturais.
Este artigo trás
estudos sobre três gêneros textuais relacionados ao meio de comunicação e
analisa-os em sua funcionalidade, apontando aspectos de interesse do
educador e do educando.
- DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE.
Muito se tem falado sobre a diferença entre “tipos textuais” e “gêneros textuais”.
Alguns teóricos denominam narração; descrição e dissertação como “modos
de organização textual”, diferenciando-os das terminologias que são
considerados “gêneros textuais”.
Partindo desse pressuposto e pautando-se no estudo de Marcuschi definimos a seguir:
- Tipos textuais: seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição (narração, descrição e dissertação);
-
Gêneros textuais: são os textos encontrados no nosso cotidiano e
apresentam características sócio-comunicativas (carta pessoal ou
comercial, diários, agendas, e-mail, orkut, lista de compras, cardápio entre outros).
Com referência a Bakhtin (1997), concluímos que é impossível se
comunicar verbalmente a não ser por um texto e obriga-nos a compreender
tanto as características estruturais (como ele é feito) como as
condições sociais (como ele funciona na sociedade).
- TIPOS TEXTUAIS VOLTADOS PARA AS FUNÇÕES SOCIAIS DOS TEXTOS.
- Informativos;
- Expositivos;
- Numerados;
- Prescritivos;
- Literário;
- Argumentativo.
Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são tipos relativamente estáveis de
enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana.
Por essa relatividade a que se refere o autor, pode-se entender que o
gênero permite certa flexibilidade quanto à sua composição, favorecendo
uma categorização no próprio gênero, isto é, a criação de um subgênero.
- TIPOS TEXTUAIS COMO FERRAMENTA.
Para Bakhtin (1997), quando um indivíduo utiliza a língua, sempre o faz
por meio de um tipo de texto ainda que possa não ter consciência dessa,
ou seja, a escolha de um tipo é um dos passos- se não o primeiro- a ser
seguido no processo de comunicação.
Por isso, os tipos textuais
podem ser uma ferramenta que está a disposição do falante, sendo por
ele escolhidos da maneira que melhor lhe convém para, no processo de
comunicação, auxiliá-lo na sua expressão lingüística.
Tomar um
tipo textual como uma estrutura básica normalmente usada em uma
determinada situação o torna uma valiosa “ferramenta” que o falante
procura, guia e controla para poder expressar a função maior da
linguagem que é atingir uma comunicação, em maior ou menor grau
argumentativo, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é efetivamente
alcançado e concretizado; daí dizer que a argumentação está inscrita no
uso da língua.
5 OBSERVAÇÕES SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS:
O presente trabalho fundamenta-se teoricamente em reflexões feitas por
Bakhtin (2000), Marcuschi (2002), Bronckart (1999) entre outros.
De acordo com diversas pesquisas voltadas para a questão dos gêneros
textuais e segundo os autores citados acima, já se tornou evidente que
os gêneros são fenômenos históricos ligados à vida cultural e social, os
quais contribui para a ordenar e estabilizar as atividades
comunicativas do dia-a-dia.
Bronckart (1999) diz “Conhecer um
gênero de texto também é conhecer suas condições de uso, sua
pertinência, sua eficácia, ou de forma mais geral, sua adequação em
relação às características desse contexto social.” (BRONCKART, 1999, p.
48).
Como afirmou Bronckart (1999) “a apropriação dos gêneros é
um mecanismo fundamental de socialização, “o que permite dizer que os
gêneros textuais operam como formas de legitimação discursiva.
Descrição | Narração | Dissertação |
(é um texto narrativo com predomínio de verbos de ligação que retratam detalhadamente personagens, ambientes e objetos). | (texto narrativo em 1ª ou 3ª pessoa que contém enredo, conflito, cenário, tempo e espaço com predomínio de verbos de ação, portanto o diálogo direto é freqüente). | (é um texto de defesa de um argumento “tese” que possui introdução, desenvolvimento e conclusão; a linguagem é objetiva prevalecendo à denotação; ele pode ser expositivo ou argumentativo de caráter científico). |
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CONCLUSÃO
Todos os textos surgem na sociedade e pertencem a gêneros textuais que se relacionam com atividades sociais específicas, portanto ele deve ser produzido e utilizado para atingir um objetivo almejado.
Muitos dos gêneros textuais são rotulados quanto a sua estrutura e organização ganhando assim uma significação.
O trabalho com gêneros e tipos textuais faz compreendermos as características estruturais de um texto e também as condições sociais que levam ao funcionamento e ao bom êxito de seu uso, por outro lado não podemos esquecer que a criatividade é uma ferramenta que deve ser levada em consideração.
É claro que contamos com uma imensidão de gêneros textuais existentes na sociedade e que, conforme as necessidades dessa sociedade novos gêneros surgem e antigos desaparecem de acordo com suas funções lingüísticas e sociais no qual o mercado de trabalho está inserido no contexto sócio-histórico.
Concluímos que todo texto é um meio de comunicação e que diferem os gêneros e tipos textuais de acordo com sua funcionalidade que é flexível no processo de relacionamento social